sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Eu aperto o "play" e ela está lá, com sua blusa alaranjada que vai até um pouco abaixo da cintura, sentada em um sofá de aparência aconchegante e cheio de almofadas. Ela parece solitária, mas o rosto dele está em toda parte, cercando-a. De que vale essas memórias? Ela está sozinha apesar dos fantasmas. Sem que ela possa impedir, a música ecoa em sua cabeça, e inquieta, ela anda de um lado ao outro do comodo, tentando afastar a melodia indesejável. Eu sorrio e percebo que tenho uma blusa parecida, uma calça quase igual, e o cabelo só uma tonalidade mais escura. Temos expressões semelhantes, e quem sabe até as mesmas dores. Julgo-me sua amiga só por constatar esses detalhes. São coisas assim que aproximam as pessoas. Problemas, alegrias ou situações em comum. E ela senta novamente no sofá vermelho-queimado, e abraça uma almofada enquanto uma lágrima escorre por sua bochecha, borrando a maquiagem dos olhos. Os meus, de repente, enchem-se desse líquido incolor, e eu divido com ela o meu pranto. Nós podemos chorar juntas pelo mesmo motivo. Mas é só por alguns segundos. Só alguns, eu prometo severamente a mim. E então, cesso o rio que quer fluir. Cuido da ferida que quer sangrar. Vamos estar bem dentro de algum tempo. Ela, ele, eu. Todos nós.

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