segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Qualquer lugar em março.

Por mais que você seja um amante das ruas, das caminhadas noturnas, ou simplesmente prefira ir à pé aos lugares enquanto observa cada construção, nunca conhecerá realmente todos os cantos específicos de sua cidade. Mesmo sendo de tamanho mediano, com não mais que uns quatrocentos habitantes, é quase impossível que conheça-a tão bem quanto sua pequena casa, situada em um bairro afastado. Há sempre algum local para ser descoberto, admirado, visto por um novo angulo e quem sabe até, tornando-se especial em um futuro não tão distante.

Existiam tantos lugares para conhecermos em nossa própria cidade que pareceu irônico quando decidimos explorar os pontos turísticos da cidade vizinha, como se ignorássemos a beleza da nossa, ou afirmassimos que a noite nela não era tão divertida assim. Mas, talvez esse fosse mesmo um dos motivos que nos impulsionavam a tal aventura. Encorajados por nossas mentes jovens que apreciavam ir mais além do que deveriam, estávamos certos de nosso objetivo. Queríamos conhecer algo realmente novo, um lugar onde ninguém de nossa turma tivesse ousado a pisar até então. A sensação - em um nível exagerado - era como de ser os primeiros a chegar a lua, podendo contar depois aos nossos amigos cada dificuldade do processo em que nos metemos.

- Vamos mesmo comer algo aqui? - perguntei à Nick enquanto entravamos a passos silenciosos e excitantes no restaurante lotado.
- Por mim, esta ótimo - quem respondeu foi Mônica, tomando a iniciativa de tudo, como sempre fazia.
Aquela era a primeira vez que Mônica saía com nosso grupo, e estávamos ansiosos por uma boa conversa para conhece-la melhor.
- Por mim ok - disse Julie, olhando sutilmente em volta. Sempre soube que ela não gostava de lugares muito barulhentos ou cheios de gente, assim como eu. Tínhamos um tipo de fobia social, mas pouco desenvolvida. Entretanto, poderíamos aguentar aquele lugar sem muito esforço, conclui mentalmente.
- Tudo bem - eu disse - Mas não tem mesa sobrando... - coloquei o primeiro obstáculo.
Admito que o local em si era bem interessante, apesar de ter escutado boatos de que cobravam uma fortuna pelos alimentos consumidos ali. Agradeci ao meu maldito costume de comer coisas saudáveis, dessa forma sempre jantava antes de sair de casa. Pelo menos, pagaria apenas por um misero refrigerante.

- Moço - Nicollas chamou a atenção de um dos garçons - Pode arrumar uma mesa pra gente?
- Ahm... - o jovem de cabelos escuros nos encarou - Só um instante. Vou colocar uma mesa pra vocês ali em cima.

Subimos uns quatro degraus e esperamos aonde o garçom havia nos dito para esperar. Um pequeno espaço acima de onde estavam todas as outras pessoas. A vantagem era que nossa mesa ficaria em um local coberto, mesmo que não existisse ameaça de chuva naquela noite. Na verdade, eu apreciei pelo simples fato de ficar afastada dos outros clientes que circulavam o restaurante.

- Vocês já sabem o que vão querer? - ele perguntou assim que nos sentamos em nossas respectivas cadeiras.
Nick e Julie um de frente pro outro, e Mônica a minha frente.
Mais uma vez, nossa nova amiga tomou a iniciativa de responder que logo escolheríamos algo para comer, e então o chamaríamos.

Enquanto Mônica folheava o cardápio e comentava sobre o quão faminta estava, Nick e eu riamos de coisas aleatórias. Coisas que, como de costume, só nós dois entendiamos. E não parávamos mesmo que nossos amigos nos encarassem com o olhar reprovador, como se estivessem incomodados. Eu não ligava para isso realmente, desde que continuássemos fiéis aos nossos comentários e piadas silenciosas, repassadas de um ao outro apenas com a força e a ligação de nossos pensamentos.

Julie mantinha-se quieta, o que era normal e eu havia me acostumado já que fazia tanto tempo que a conhecia. Seus olhos claros estavam sempre fixos em algum lugar, e a mente distante, quase tocando o céu. Por muito tempo pensei que nossa companhia não era boa o suficiente ou que ela preferisse estar fazendo qualquer outra coisa, mas depois entendi que aquele era seu jeito. Que mesmo quieta e um pouco longe gostava de passar o tempo ao nosso lado.

(...) 

Ps: Continuo depois porque me deu preguicinha.








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